Era uma vez um rei que teve um sonho. Chama um de seus conselheiros para interpretá-lo e este lhe diz: “Majestade, que coisa terrível, que sonho péssimo! Isto quer dizer que o senhor vai ver todos os seus parentes e entes queridos morrerem”. O rei fica indignado com esse absurdo, de como seu assessor teve coragem de falar uma coisa horrorosa dessa! Furioso com a interpretação, ordena que o conselheiro fosse para o calabouço após 10 chibatadas.
Manda então chamar outro de seus conselheiros e conta o mesmo sonho. Este se vira para ele e fala: “Maravilha, Majestade! Que sonho ótimo, que bom augúrio! Isto significa que o senhor vai viver mais do que todos os seus parentes!”.
“Quem bom presságio”, exclama o rei determinando que os guardas dessem 10 moedas de ouro para este conselheiro. O primeiro conselheiro, que estava ouvindo tudo, diz para seu colega: “Você está enrolando o rei! Que ridículo! Você falou a mesma coisa, mas eu ganhei 10 chibatadas e você levou 10 moedas de outro. Você é um farsante!”
O segundo explica: “Você é que está sendo ignorante e não conhece uma coisa fundamental do mecanismo da vida: a verdade é uma pedra preciosa, tem que ser dada, pois ela é preciosa e tem que ser compartilhada, mas ela pode ser entregue ou atirada. E como pedra, pode machucar”.
E com essa história começo a reflexão de hoje sobre a comunicação corporativa (vale para as relações pessoais, obviamente, mas não é foco agora). Os fatos e o que acontece com uma empresa são sempre resultados e consequências de ações planejadas e estruturadas, ou de outros fatores imprevistos, seja por razões técnicas ou pessoais.
A forma como vemos e interpretamos o que acontece é apenas um aspecto de fatos, que podem ser comunicados ou compartilhados de formas e com versões diferentes, sem que a preciosidade da verdade seja adulterada.
E, entender que o interlocutor enxerga e percebe a comunicação (e os fatos) de acordo com seus repertórios e recursos internos, já é um bom começo para que a “verdade” seja dirigida a ele como a pedra preciosa já lapidada, pela linguagem e canais adequados.
As relações públicas partem desses princípios básicos para desenvolver os planos de comunicação e gerar o engajamento de pessoas, grupos ou de comunidades inteiras. E aí, vamos falar e refletir mais sobre isso?
Sonia Maggiotto, profissional de relações públicas e apaixonada pela comunicação